quarta-feira, maio 29, 2013

Com medo de seres orgânicos

                     



                                   Tenho o costume de comprar minhas "folhas verdes" orgânica no mercado, e confesso que tem dias que não posso ver a cara do Marcos Palmeira de tanto que ele frequenta minha geladeira , para quem não sabe o ator é fazendeiro, produtor de orgânicos e fornecedor de uma rede de super mercado que frequento e que estampa com sua fotografia as embalagens de seus produtos
                                    E como sou fã do outono , por conta do clima, cores e luz e cansada da caretinha do ator resolvi dar um passeio matinal no sábado e fazer compras numa feira de produtos orgânicos, localizada numa praça perto da minha casa. Ambiente melhor não tinha ,  produtos frescos , saudáveis , embora com preços ainda "salgados" para o bolso de uma família e para o meu também, que nem sempre pode pagar pelo malfadado preço do tomate cheio de agrotóxico, imagine o orgânico.
                                      E nesse clima amistoso, paro para comprar mel , ouço um discurso de um dos vendedores de legumes da banca ao lado , em alta voz e bom tom , como diz a minha mãe , sobre as agruras da alimentação inorgânica , se não fosse o fato da ouvinte estar acompanhada de seu filho que acredito eu deve ter por volta de oito anos de idade , que olhava assustado para o vendedor e sua bravata inflamada contra os venenos que colocam nos alimentos , ao mesmo tempo que para o nabo como se esse legume fosse um extraterrestre , até que o garotinho berrou mais alto que o vendedor que não iria comer mais nada. Deixando o vendedor sem jeito enquanto a mãe , embora vermelha de vergonha explicava ao menino que não era  bem assim ou isso e aquilo que eu realmente confesso não conseguir ouvir direito o discurso da mulher que se afastava da barraca do homem que caprichou na fala , mas não conseguiu vender nada. 
                                     A reação do menino me fez lembrar quando assistia ao Fantástico aos domingos e ouvia aquelas histórias sobre o sumiço de criança e o caso mais famoso que foi o sumiço de Carlinhos  e outras especulativas sobre o que dava ou não câncer , os alimentos que deveriam ser evitados para não contrair a doença , tudo naquela voz de suspense que fazia o apresentador Cid Moreira, que me tiraram o sono ou me fizeram correr para o quarto dos meus pais que me proibiram de assistir o programa.                                     O que não adiantou muita coisa , já que menina era esquisita para comer e por conta disso passei um período enorme sem comer arroz , não lembro bem se era por que ele dava câncer ou usei isso como desculpa igual ao pobre menino que ficou com medo do ser orgânico feroz nas palavras serviu  de desculpa para que o garoto não acreditasse mas em nenhum tipo de legume.
                                 Nada contra os naturebas , orgânicos e como poderia ser ,pois me alimento de forma saudável , mas sem essa bizarrice toda de que você vai morrer se comer ou deixar de comer aquilo, se fosse por isso eu e minha geração (na faixa dos quarenta anos) estaria toda envenenada pela seleta de legumes, ervilhas e milhos enlatados que comeu durante décadas e o que é melhor sem culpa quando não assistia o Fantástico ou encontrava um militante verde fanático.

                                  
                                           
                                            NEM TUDO É MENTIRA

nemtudoementira@gmail.com




2 comentários:

  1. Achei maravilhosa a crônica. Por muitas vezes tive a mesma reação que o garotinho, só que em relação a doenças sexualmente transmissíveis, e cheguei a mesma conclusão que você em relação aos legumes e agrotóxicos. Pensemos!

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    1. Que bom que gostou , Carlos. As doenças sexualmente devem ser bem divulgadas, de forma educativa, como tudo. O susto não ajuda em nada e sim a explicação/educação.
      abraço,
      Nem Tudo é mentira

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