terça-feira, novembro 14, 2006

mente crepitante

Antônio vestia uma roupa preta para sair com Mônica, também vestida nesta cor , que o convidara para uma festa muito especial para comemorar o primeiro ano de casamento.
Chegaram a uma casa velha que parecia casa de bruxas coincidentemente a 31 de outubro, o dia em que casaram, onde não havia ninguém , somente velas , uma lareira crepitante, com decoração de caveiras e abóboras iluminadas por velas acesas, que lembravam os trens fantasmas da infância.
Assim fizeram amor no ritual conhecido : beijos, chupadas, fricção, penetração, gozo, orgasmo, no chão úmido. As janelas velhas batendo com a ventania anunciando um prenúncio de uma tempestade, que deixaria a cidade alagada e o trânsito um caos maior. Nas paredes nunca pintadas, escorria uma água negra, que parecia cocô, Terminaram extasiados de tanto prazer, não apagado pelo desejo do corpo de Mônica de querer uma coisa mais vibrante.
Buscava tempero e loucura na relação sexual, que já estava parecendo a ele tão diferente transar naquele lugar esdrúxulo, para quem estava acostumado a fazer amor em lençóis de seda de móteis ou hotéis cinco estrelas, ou apenas no seu leito matrimonial, tão harmonioso, como o seu casamento. Mas ela queria que ele batesse, puxasse os cabelos, xingasse com palavrões. A principio, aquela idéia lhe pareceu estranha, e então negava redargüindo que não podia fazer isto, até que ela deu um tapa no seu rosto e cravou a unha em suas costas e Antonio sentiu o sangue misturar-se com o suor e escorrer , para que ele não resistisse e batesse a primeira vez repetindo as demais com mais força deixando Mônica louca de prazer, e seu pênis já murcho com a trepada anterior ressuscitava de novo com muito mais vigor, um vigor nunca anteriormente conhecido.
Extasiados, pararam, descansaram e adormeceram. Mônica parecia levitar pelas lembranças do relacionamento de seus pais onde eram comuns as brigas , palavrões, e as cenas de violência. Apesar de esparsas, detonaram na memória daquela garotinha de cinco anos que assistia a tudo escondida debaixo da mesa de jantar, chorando baixinho. E aquele sonho pareceu transportar-se a Antonio como se fosse telepatia. Ele, ainda sonâmbulo, pulou para cima dela como se fosse uma pantera, atracou no pescoço da esposa e estrangulou-a .