quarta-feira, abril 20, 2011

O Mundo é bão, Sebastião.


Era uma vez, um casal com três filhos , que passava por uma crise financeira , ele desempregado , beirando aos cinquenta anos, com dificuldades até mesmo de fazer "bicos" . ELA um pouco mais nova que ele, trabalhava , mais seu salário mal conseguia manter as despesas da casa. , porém sem muito o que fazer ,tocavam vida.
E foi no começo do mês qualquer , que ELA antes de sair para o trabalho separou as contas da casa , contou o dinheiro da bolsa  algumas vezes . Pegou cada conta e separou o valor correspondente em dinheiro colocando um clipe , em cada uma delas e por fim um elástico , em volta de todas as contas e do bolinho de dinheiro. Chamou o marido e entregou esse pequeno embrulho e pediu que ELE pagasse as contas . ELE colocou o valor no bolso da bermuda . ELA olhou e pensou : Quanto tempo, não vejo ELE de calça comprida?" O barulho da chegada do elevador dissipou seus pensamentos.E ELA e ELE desceram juntos até a rua , despediram-se  e foram cada um para o seu lado.
Assim , horas depois DELA ter ido para o trabalho seu telefone toca. ELA ouve a respiração ofegante dele , mal consegue entender o que ELE fala . Pede para ELE repetir o que disse , porque ela não está entendendo nada. Até que ele diz de uma só vez : "Acho que perdi o dinheiro das contas". ELA emudece. ELE agora ouve a respiração nervosa da mulher. Engolindo à seco ELA pergunta : Como? . Irritado ELE responde : " Não sei." ELA se cala e pergunta : Você tem certeza que me deu o dinheiro com as contas? . A irritação agora é dela ao responder : Não só tenho , como vi você colocar o dinheiro nessa bermuda imunda. ELA só ouve como resposta os grunhidos de revolta , culpa e desconsolo dele. ELA embora irritada sente-se penalizada com a situação dele. Então, pede para ELE se acalmar , que quando chegasse do trabalho os achariam uma solução para o ocorrido. ELE desesperado pergunta : Qual? Assaltar alguém na rua e acusar qualquer um de ter pego o nosso dinheiro? ELA quase ri da desgraça , mas tenta consola-lo e desliga  telefone atordoada.
ELA finalmente sai do trabalho e vai para casa. mal coloca a chave na fechadura , ELE abre a porta . ELA nota o rsoto dele desfigurado , num misto de raiva de quem pegou o dinheiro , susto e culpa, mal ELA vai abraça-lo , uma das filhas corre em sua direção roubando o abraço dele , logo em seguida a outra. ELE se afasta  e vai até a cozinha . ELA segue o esposo e o encontra fazendo café. Faz um carinho em suas costas e diz: Nós vamos dar um jeito. Sempre damos. ELE resmunga algo ininteligível . ELA tenta fazer um discurso cristão , de quem achou deve está precisando mais do que eles . ELE  a interrompe irritado , mas antes que uma briga começasse , ouve-se o interfone . Uma das filhas corre para atender . ELA pergunta : Quem é ? A menina responde que alguém querendo falar com ELE, que diz , deve ser da padaria. E resolve descer para buscar o pão. Ao chegar na portaria do prédio depara-se com um sujeito. Desconfiado, ELE pergunta pelo pão. O sujeito diz que não sabe nada sobre pão e que veio falar sobre umas contas que achou na rua entregando a ELE o volume sem o dinheiro. ELE pega as contas e pergunta : E o dinheiro ? O sujeito ri e responde : O dinheiro o senhor sabe. ELE interrompe o sujeito e diz : Sei pegaram antes . O sujeito mais uma vez sorri  e fala : Não , senhor . O dinheiro eu peguei. Novamente o sujeito é interrompido por ELE que furioso fala : Pegou e ainda tem a coragem de vir aqui. Dessa vez que interrompe ELE é o sujeito que em tom alto redargüi : Peguei e paguei as sua contas é só olhar as contas . ELE abre assustado o "bolinho" das contas     e vê a autenticação bancária em cada uma delas. Corre e abraça o homem agradecido  pergunta o que pode fazer por ele. O homem responde : Já fez. ELE olha para o sujeito intrigado , mas mesmo assim o convida para um café . O sujeito recusa agradecido , mas diz que está atrasado para voltar para casa. ELE tenta oferecer uma recompensa para o estranho, que também recusa-se . ELA agoniada com a demora do marido desce , puxa as contas da mão do marido e ouve o sujeito que despede-se  falar  : "O mundo é bão Sebastião. "

domingo, abril 10, 2011

um crime sem prevenção

O massacre cometido na escola Municipal Tasso da Silveira , em Realengo , no Rio de Janeiro , deixou pais e professores apreensivos e estudiosos questionarem sobre a educação , segurança pública e sobre também o fácil acesso as armas , não são o suficientes para explicar o que aconteceu. Um atirador de 23 anos , por motivo fútil entra na sua antiga escola devidamente armado e atira em estudantes de 12 a 14 anos, matando 11 e deixando dezenas feridas.
Um crime , meus caros leitores de de difícil prevenção , que foge completamente ao padrão de violência urbana,  é inexplicável pelos  parâmetros que costuma-se usar para analisar a violência. Até por que o atirador ao que demonstrou os noticiários e a imprensa deixou claro que a motivação do crime foi fruto de sua loucura.
Assim com a tensão instalada após a tragédia , tenta-se apontar culpados , li até mesmo que no Rio de Janeiro , a quantidade de inspetores e porteiro não é suficiente para os colégios. Mas pergunto , que embora tivéssemos o número adequado de profissionais esse crime seria evitado? Não acredito , embora pudesse ser dificultado. O pior é saber que a contratação de funcionários para as referidas funções foi suspensa por suspeitas de estarem loteadas por indicações políticas. Isso , que embora identificável , não pode ser evitado : a corrupção , embora essa não seja o tema central da crônica, não poderia ser apontada.
O que sabemos é que a tensão depois de dessa horrenda chacina foi instalada, não só pela comoção de vermos crianças terem sido assassinadas e pela solidariedade com a dor de quem perdeu seus filho.  Mas também por que a loucura nunca se apresentou com essa face no Brasil.