domingo, junho 23, 2013

A rua é meu lugar





                 Desde criança , tive almoço e jantar temperados a política , alguns apimentados pelas discussões calorosas entre meu pai, minha mãe , tios e avôs e mais tarde  por mim e meu irmão. Todos cheio de opiniões e teorias , sem contar com a militância que cada um fazia por seu partido. Aprendi a conviver com a divergência política dentro de casa , onde a democracia sempre imperou e onde não havia a possibilidade de um outro impor sua vontade, embora muitas vezes meu pai tentava valer-se da autoridade, mas recuava quando via jovens irredutíveis a compactuar com sua vontade e sentia orgulho em saber que tínhamos convicções políticas, agora não mais irredutíveis.
                 Diante da educação que tive, tão politizada,  me intrigava o fato da falta de interesse dos jovens na política ou sobre o que acontecia no país , a apatia, o egoísmo em só representar seus próprios interesses , tal qual o a própria democracia representativa hoje completamente desmoralizada pelos nossos políticos, me incomodava.
                 O que me trouxe surpresa com o levante que esses mesmos jovens da geração facebook , rede social que muitas vezes é utilizada para não só encontrar amigos , mas para banalidades do tipo : comi galinha no almoço, check in na casa da vovó  e entre outras. Foi a mesma rede que conseguiu fazer a mobilização no país iniciada pelo Movimento Passe Livre contra os aumentos abusivos dos transportes públicos e a sua má qualidade.
                 Eclodindo com força maior do que se esperava e questionando não só os vinte centavos das tarifas , mas a precariedade da saúde pública, a péssima educação, a corrupção, os gastos com a Copa do Mundo e o descontentamento com o que esta sendo oferecido e colocando nas ruas até mesmo as suas demandas pessoais, o que ao meu ver traz a beleza do movimento. Só não mais bonita em ver que os jovens estão fazendo o que sempre deveriam fazer, criticar, contestar e questionar, o motivo das coisas chegarem a esse ponto 
                 A manifestação sem culto a personalidade ou a partidos , pelo contrário os rejeitam , embora descorde da postura agressiva de expulsar os mesmos das manifestações populares sem lideranças , ainda mais no grito isso é totalitarismo. Cuidado rapazes e moças! Sei das suas desconfianças das mazelas da política , apenas gritem seu descontentamento e que não acreditam em partido nenhum , isso sim é meramente legítimo.
               E foi esse grito é que trouxe o espanto para a velha política e também a idosa imprensa nacional , ambos correram como os cães correm atrás dos seus rabos. Racionalizaram o movimento e quais seus objetivos ? Quem é o líder dessa suposta baderna?Ouvi vários comentários o também antigo clichê : “Tempos estranhos ou Onde irão chegar com isso?
              Sinceramente ,eu não sei dizer onde o movimento irá chegar e se o mesmo tem leme. Seu  que o pontapé inicial foi dado , sem que a pátria estivesse de chuteiras e sim com computadores, tablets ou celulares a bola avançou pelo campo e antes mesmo da Copa do Mundo começar e a mobilização foi maior do que se esperava.

                E quando a fumaça do gás lacrimogênio sumir do ar poderá se prever alguma coisa, o certo é que a insatisfação foi mais do que demonstrada e a nova geração não vai aceitar goela abaixo ser saqueada pelo poder público e que seus líderes vândalos predadores lhe furtem um futuro melhor, pois a onda de consciência política despertou o tão falado gigante adormecido na juventude.
Nem Tudo é Mentira
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