quinta-feira, maio 10, 2007

Champanhe e ostras

A água escorria pelo ralo e respingava para fora do box, mas ele nem ligava, estava tão entretertido em seu banho e em limpar meticulosamente cada aréa de seu corpo. O sabonete passava em seus pelos como uma palha de aço tentando lustrar sua morenice. Era sempre assim em cada novo encontro. Sua mãe e as irmãs que assitiam novela na sala comentavam o "capítulo" da nova conquista de Edu.


Saía do banho e o espelho já repetia as caretas que ele fazia, como se fosse um ensaio de uma peça teatral. Fazia a barba ou apenas a aparava . penteava o cabelo para o lado ou para frente. Escovava os dentes , a língua , passava o fio dental meticulosamente e fazia um gargarejo com alguma solução bucal e finalmente saía do único banheiro do apartamento de três quartos esquecendo-se que além dele havia a mãe e as duas irmãs loucas para usar o recinto.
Abria o armário e trocava diversas vezes de camisa, procurava um sapato que combinasse com a calça e que parecesse tão descolado e transado e que também não parecesse arrumado ,fazendo o tipo careta.Parecia um adolescente indo para o primeiro encontro.

Depois de pronto, comunicava-se com o "amigo espelho" e pedia uma opinião e quando o "amigo" criava coragem em responder ele virava as costas e saía deixando o amigo sem palavras. Preferindo perfumar-se a ouvir quaquer tipo de crítica.


O próximo passo do ritual de Eduardo era ir a até a sala e ficar na frente da televisão e pergunta as suas mulheres como costumava dizer :

_Como estou ? E todas apressadas em não perder o capítulo do folhetim respodiam em coro:

_ Lindo!

Ele ria do mesmo modo de sempre e beijava a testa da mãe , que também repetia as mesmas frases que as mães costumam dizer , do tipo cuidado, não beba muito, não volte tarde e juízo essa era a frase do dia. Edu na mesma respondeu é isso que vou encontrar , a mãe balança va a a cabeça assertivamente, como se soubesse o final da história, alías ela sempre sabia , só torcia que o fim fosse diferente.Enquanto uma das irmãs perguntava a ele , qual era o nome do juízo e ele respondeu :

_Tatiana. E a irmã curiosa disse :

_ Hã, Tati. Bonita ? E faz o quê?

_ Uma gata , inteligente. É biológa, fazendo mestrado. Mas o principal é o jeitinho doce , que ela tem.


_ Do jeito de menina certinha, que bebe pouco , fala baixo, , o meiga, discreta, do tipo que não traz nenhuma ameaça ou insegurança .Do tipo para casar.

Edu olhou surpreso para irmã , enquanto a mãe sorria discretamente e respondeu :

_ Nossa Lúcia! Como você adivinhou tudo isso , parece que conhece aTati.

Lúcia apenas riu e pensou que a Tati deveria ser a décima, menina legal que o irmão tentava namorar nesses últimos tempos, levando tanto a sério que no primeiro mês que a relação começasse a se firmar ele já mudava até o perfil no orkut, de solteiro para namorando.

Edu , era um cara bem legal, não havia nenhuma roda quem não gostasse dele , ao mesmo tempo doce e educado, sacana e brincalhão. Do tipo charmoso, nunca faltou mulher e ele para se auto afirmar também correspondia a fama.O jantar havia sido ótimo , o papo fluiu ele gostava de estar ao lado de Tati, que mostrara-se encantada com ele. Saíram mais vezes. Ele a apresentou a mãe e as irmãs , que gostaram de Tati, aliás a mãe de Edu sempre gostava de todas.

Sempre preocupado em agradar e mostrar seu lado romântico , levava a menina almoços na serra, em café das manhãs em parques da cidade, sempre tudo planejado, aguçava o seu lado mais romântico quando estava com Tati, a fim de que tudo ficasse perfeito.

Apresentou a nova namorada para os amigos era sempre assim, levava a menina como se fosse um troféu. Ficava mais sério que o normal , tentava bancar o cara legal. Bebia menos do que o normal parecia mostrar o melhor dele e pior que tentava ser verdadeiro.

Via-se no seu rosto o esforço que fazia , dava beijos de cinema em bares da cidade, deixava de ir na exposição de arte super importante de um dos melhores amigos , para ter mais um tempo ao lado de Tati.

Estava sempre atento a todos os detalhes , agradando ao máximo a Joana, a Maria , deessa vez a Tati. Chegava em casa com um jeito feliz , criando novas situações para o clima de romance não esvainecer. Sempre que podia desabafava com a irmã que indagava como andava o romance dele. Que respondia

_ Estou tentando.

Resposta esta que fazia sua irmã a perguntar de Marcinha , uma garota que ele conhecia há anos, e que sempre que encontrava , surtia uma atração mesmo que velada, pois ele não admitia, que depois de tanto tempo pudesse sentir algo pela menina. Pois para ele era tudo bem prático , bateu o olhar gostou e pronto. Mas era evidente as afinidades entre ambos. Até a mesma procura do amor era igual , criando situações de romance sem que o próprio existisse.

Irritado respondia a irmã Lúcia :

Lá vem você , com este papo de Marcinha , não sabe que somos só amigos.

Apesar da atração existente entre Edu e MArcinha, a linha tênue entre a amizade , o medo , o respeito era maior do que isso tudo para ambos o que talvez não desse prosseguimento ao que realmente poderia ser um romance.

Como também, a fruta da ameaça rodeava Eduardo, como se envolver com Marcinha, tão descolada, segura de si , bem sucedida profissionalmente. Pensava e falava o que achava sem rodeios e parecia estar sempre alegre. Ela logo o acharia sem graça, sem assunto .E que os amigos iriam pensar. Marcinha é como se fosse amiga de todos, também. Mas a irmã não satisfeita lhe dizia , como numa profecia :

_ O medo é a pior das emoções.


Ele irritado não querendo ouvir , caçoava da irmã e dizia :

- Lá vem você com suas teorias.

O bate papo acabava , coma risada sensata da irmã mais velha e com a saída dele para encontrar a namorada.

Hoje era um grande dia , afinal o namoro já comemorava três meses e a comemoração era em grande estilo , no restaurante a beira mar , onde Edu e Tati brindava com champanhe e degustavam ostras, no que era sempre marcado com o mais romântico encontro. No reflexo da taça via Marcinha , que fingia também não enxergá-lo , brindando com o rapaz que lhe acompanhava.

Enquanto mais tomava champanhe as borbulhas do espumante pareciam não mais subir como antes , quando olhava para a legal Tati a sua frente. E virava-se para o lado e encontrava a espontânea Marcinha deliciando-se com uma das ostras, que também pedira para acompanhamento.