Acredito que nem o mais otimista e criador
da “Cidade de Lá”, imaginaria que seu arquitetado local, considerada como uma
das maiores obras urbanísticas já feitas e feita em tempo recorde viveria com
falhas de som!Sim, a “Cidade de Lá” é como se fosse uma imensa concha acústica
, só que ao invés de apresentar som stereo e digital hoje vive seus dias de vitrola
antiga prestes a quebrar a qualquer momento!
Primeiro ela foi dominada por severos
senhores que, por anos, seguraram a acústica do lugar , sem deixar que essa
ampliasse pelo cerrado afora! Posteriormente, esse magnífico lugar acolheu por
um golpe nada militar, mas de sorte: o
coronelismo e seu símbolo maior, o
bigode! O ritmo dos bigodudos se arrastou como forró , alegre e faceiro ,até os
dias de hoje, não respeitando modismos.
Digo
isso por que , o bigode vivenciou um notório” Caça Marajá” que esteve por lá -
por pouco tempo diga-se de passagem! Aliás foi o que ouvi das más línguas ou a
língua de seu falecido irmão ,ex-mulher e outros que não curtiram o devido
lugar. O tal “Caçador” teve carreira meteórica, subiu e desceu a maior rampa da
cidade , pois quis impor um ritmo africano , com batuques , gritos e torturas
de animais. Era tão violento para o
povo de “Lá” agüentar que o golpe final foi dado por traiçoeiro confisco na
poupança de seus seguidores. Em resposta, degolaram o Caçador como um frango na
casa de sua dinda!
Mas ele saiu de cabeça erguida e foi
substituído por um outro também de topete , que voava senão colocasse laquê nos cabelos! Este
desconfiado topetudo ouviu conselhos da intelectualidade de respeito que por lá
freqüentava e manteve-se firme na história de Lá! Iniciou grandes planos que
deram certo e começou a encher de novo lugar , que viveu seus dias de ritmo
“lounge”. Desconfiou que poderia cansar
o público atraído pelos novos planos. Em
seguida , balançou o topete igual ao desenho animado, mas como “Pica-Pau”
sempre se dá bem no final, como ele, deu risadas quando entregou a faixa ao
idealizador dos planos. Assim, não
abriu mão de seus sonhos e de seu gosto musical : preferiu desfilar em festas
de modelos sem roupas intimas em outro lugar não na Cidade de Lá!
E depois de tantos anos a “inteligenzia”,
que passou tanto tempo exilada, voltou para Lá. No começo tudo era festa, enfeitadas
por tucanos que penduravam-se nos muros da cidade, e por hora tinham a melhor
vista do lugar. Não sabiam que para manter-se em festas não se pode perder o
equilíbrio e que para o ritmo não car era
preciso inovar. Apelidaram a festa de neoliberal e o intelectual achou que era
néon e com isso acreditou que sabia dar festas. Não foi outro quem tirou o
apoio dos “Fortes” da cidade e estes passaram a ter novos dirigentes, que não
conseguiram modernizar os velhos Fortes, com a rapidez esperada. E quando, tudo
estaria perdido os inteligentes donos da casa e quiseram educar seus filhos e
parentes mais próximos, ajudando–os mensalmente e assim conseguiam para ficar mais um tempinho por lá ! Melhor alvorada
não há, mordomias a mil e diversas viagens, estas ultimas bastante cobiçadas
pelos bandeiras vermelhas e estreladas
, que passaram a fazer festas fechadas, com nome na porta e tudo , diferente
dos tucanos em suas posturas intocáveis , em muros não tão mais firmes.
Os vermelhos liderados e animados por um sapo de carisma
incontestável, embora de voz rouca e dicção falha , mas quem quer saber disso
quando a música está boa e alta ? E se você finge ouvir o que outro fala, postura
irritante para os mais desanimados ou aqueles que vão à festa do outro só
observar ou só para falar mal, mesmo muitas vezes sendo penetra?
Sem contar com os próprios
aliados ou organizadores da festa , que não gostavam de tumultos e sempre
preferiram viver clandestinos ou na sombra de alguém mais simpático e conquistador,
como o querido sapo. E sem saber como agradar a todos, criaram uma mensal e gentil entrega de
bolsas, que poderiam servir para tudo , inclusive para esconder o salgadinho da
festa nela. A proliferação delas, as bolsas, foi tão grande que alcançou outras
localidades além da cidade!
Ainda
assim, precisaram de mais tempo no lugar e alguém realmente de pulso firme e
sangue frio até para esconder a identidade da própria mulher que mantivesse a
festa em ordem, sem precisar incomodar o dono dela!. O mestre de cerimônias dos
estrelados copiou uma idéia que a principio surgiu com o antigo dono da festa e
depois ampliou o que outro já tinha conseguido e novamente instalou no lugar um
valor fixo, para todos aqueles que comparecessem no exato local e hora marcados
para animar o lugar!
Alheio a
tudo isso, não se sabe se cansado, o sapo de estrela maior com um brinquedo
novo de alto luxo percorreu todo o planeta, ensejando além de Lá nova fórmula
de manter sua festa de arromba! Enquanto ele comia do melhor, sua organização
fazia das tripas coração para não deixar a gordura da pizza ensopar o
guardanapo e o molho de tomate não respingar na barba do chefe!
Embora
tentassem arranhar os discos do anfitrião, tentou-se apurar o culpado para a
farra e encontraram uma soma de trinta e oito culpados! O número não chegou a
incomodar o dono da casa e ele mandou que seus convidados se retirassem até que
decidissem o que fazer sobre o assunto - o que não foi feito nem mesmo com sua
saída da cidade! Cedendo lugar a eterna companheira de baladas e uma nova
anfitriã, ele despediu-se com louvor e suas festas serão para todo o sempre
inesquecíveis! A única coisa que parece que não teve por lá foram cachoeiras ou
cascatas...
Hoje
segue-se uma linha mais contida, sempre põem mais clássicos para tocar, fazem
todos dançarem a um só ritmo, embora sem requebrado para amolar! Têm até
conseguido fazer com que a festa na “Cidade de Lá” nunca acabe...
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