sábado, abril 06, 2013

Instagramdo tudo


                 
                    Sempre que vou a bares e restaurante , tenho o hábito de observar as pessoas das mesas ao lado , dou uma olhada ao redor e sempre fixo em pessoas que acho curioso observar, pode ser aquele casal  que passa horas no lugar e que não trocam uma palavra um com outro ou o casal em começo de relação ou de primeiro encontro , com seus olhares e gestos apaixonados.  Dos solitários de plantão que a qualquer sorriso seu, já desejam uma aproximação, entre outras e outras situações, que já me serviram de inspiração para outros textos.
                    E foi através dessa mania , que sentei para almoçar num barzinho na beira da praia , que vi na mesa ao lado estavam sentadas três supostas amigas , atacando com uma das mãos uma travessa de batata fritas , enquanto com a outra mão tiravam fotos e enviavam mensagens pelo celular fazendo malabarismos para não engordurar o aparelho e as poucas vezes que se comunicavam era para mostrar o celular para as outras ou para posar juntas para uma ou umas fotos.
                 Isso é nada incomum, principalmente com a rede social Instagram  em que são postadas fotos desde o despertar da pessoa e até o boa noite, que pode ser até mesmo a droga chamada "boa noite cinderela" ,colocada na bebida do " distraído " que estava  fotografando os melhores momentos da  "melhor festa dos últimos tempos da última semana". Até por que as fotografias nesse tipo de rede social é assim : gente bonita, inteligente e sincera . Feios , burros e chatos, nem pensar. O local é sempre privilegiado, o visual e decoração maravilhosos ,embora o fotografo só captou o que a tela do celular alcançou. A música também era ótima , pois na foto a pista de dança estava cheia e se o fotografo não consegui identificar o que esta tocando , quando alguém perguntar nos comentários da foto. O sujeito  colocará no aplicativo apelidado de Shazam e no tempo de 1 segundo a identificará e sobrar um tempo ele vai dançar alguma coisa. E sem contar que a foto do próprio na maior felicidade, se possível muito bem acompanhado e com um drinque no estilo caribenho na mão. 
                  Ufa! Você deve pensar , caro leitor que enfim o sujeito agora vai curtir a festa . Mero engano,  a empreitada é outra , agora é o momento de conferir quantas curtições foram dadas , responder comentários e citar outros amigos que estão na balada, que pelo andar da carruagem , termo que dizia minha avó , acabou e  missão cumprida o sujeito conseguiu mostrar que se divertiu.
                         Hojeo desejo maior é demonstrar para o outro a felicidade , na rede social de fotografia mais badalada do momento o instagram , e a alegria e só a vida  extraordinária e vitoriosa é o que conta, mesmo  que a "vida de fora" desse universo virtual , não seja nem de longe isso tudo mas nada como uma boa maquiagem.
                       Na lógica virtual , o fracasso não existe e quem quer saber dos fracassados a vida real é um universo paralelo a isso tudo , que não pode se "instangrar" , sempre há aplicativos há usar , pois não importa se ela é preta e branca ou realmente colorida, se você coloca filtro ou não e sim se esta realmente virar mídia.
                           Não seria a toa , que  se postariam tantas fotos e fatos inexistentes para não ter a ascensão não só dos amigos , mas agora de uma plateia maior que vai do jornaleiro da esquina , ao cara que você conheceu na praia , que são seguidores e morrem de inveja da sua vida social tão perfeita.  Importa mesmo "instangrar" a vida real para que você encontre no seu Instagram  dezenas , centenas de curtidas e  no seu mundo Matrix sinta-se  querido e cheio de amigos.
                        Não interessa mais nada só o presente, que parece ser para sempre , e olha que que "... o pra sempre , sempre acaba" ,como dizia Renato Russo e  quando isso tudo acabar e não tiver mas filtro para a sua cidade fictícia e você perceber que acabou "Instagramdo Tudo", quando realmente não olhou  nem viveu sem a tela do seu celular.

Nem Tudo é Mentira.
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2 comentários:

  1. A parte que eu fui mais feliz foi quando eu e meu esposo pegamos o jipe e viajamos por 37 dias por outros países sem preocupação de nos conectarmos com o mundo!!!!
    Isso sim foi vida!
    Concordo com tudo o que você disse aqui.

    Artista Plástica Izabel Pariz

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