Alienígena

Impressionante a despreocupação do brasileiro , com o que acontece com seu país ontem tive um exemplo clássico quando li inúmeros posts na rede social , em que comentavam sobre uma suposta carta escrita pelo ator Wagner Moura ou vulgo Capitão Nascimento a que me parece reclamava de um programa classe B de humor que havia lhe jogado uma geleca na cabeça.

O que me choca é que enquanto comentava-se a carta do ator  sem parar, foi votado na Câmara  um projeto do Código Ambiental que lógico só favorece aos ruralistas , deixa de fora pontos importantíssimos e que é pior dá anistia aos desmatadores , além de pontos importantes que foram deixados de fora do projeto de lei ,orquestrado pelo deputado Paulo Piau. E o que é pior  poucos nessa mesma rede social falavam do assunto.

Como também, pouco se falava sobre as mudanças do sistema de cotas nas universidades , que deveriam ter sido votada.Um assunto deverás polêmico, até por que se pensarmos que a própria Constituição diz que todos são iguais perante a lei, e não há  distinção de sexo ou raça, para que cotas ?

Talvez cotas em razão da faixa de renda da família, poderia ser a melhor solução pelo menos dessa forma se daria uma melhor oportunidade a população de baixa renda de ter uma ascensão econômica , cultural e social.

Se o próprio governo reconhece a deficiência da sua educação , não seria melhor procurar saná-lo e por fim dar educação decente para todos sem precisar , com escolas bem equipadas com profissionais preparados e principalmente bem remunerados para exercer função tão essencial  ao invés de tapar os buracos vazios e achar soluções temporários para curar suas mazelas.

O incrível é saber que na rede amigos do meu facebook há  poucas pessoas de baixa renda ou que não tiveram acesso uma educação no mínimo razoável. E que nem se preocupam  com tais questões levantadas ou com o que acontece na política e sempre culpa a classe “baixa” por escolher mal os políticos que votam , será que são eles os realmente os únicos culpados. Tenho realmente minhas dúvidas.

Por isso amigos da rede social e outros leitores do blog não se deixem alienar e utilizem essa ferramenta importante que é a Internet não só para seu lazer, diversão e desabafos, mas para dar informação e trazer temas e discussões importantes para todos.

Nem tudo é mentira .

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Parem de morrer

No mesmo dia que li a frase : “ Parem de morrer...”, no post de um conhecido no facebook , soube da morte do diretor de cinema e também um dos mentores do cinema novo : Paulo César Saraceni  , junto com Glauber Rocha , Nelson Pereira dos Santos entre outros.

Para quem não conhece a obra do cineasta que dirigiu e recebeu prêmios pela Casa Assassinada e pelo O Viajante , entre outros conhecido e reconhecido por Bunuel e Bertolucci. E pela frase “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, que embora atribuída a Glauber Rocha , há quem afirme ser de Saraceni.

Não fazia um mês que havia partido o não menos incrível Millôr Fernandes , que para uns conhecido apenas como desenhista ou cartunista , devido a suas incríveis charges , tinha outro talentos como humorista , dramaturgo , jornalista e tradutor ou como mesmo disse : “ Enfim um escritor sem estilo”.

E ainda circulando com sua foice afiada a morte no dia em que completei 40 anos de idade , no dia 23 de março partiu sem deixar sorriso um dos maiores atores / humoristas que o país já teve : Chico Anysio.

A versatilidade do humorista era incrível e arrancou gargalhadas do público e telespectadores por gerações com a criação de mais de 200 personagens. Onde manteve uma postura crítica sem limites quando provocou a ditadura militar, burlando a limitada e burra censura, criticou os políticos e o coronelismo, a roubalheira e tantas outras vergonhas nacionais.

E na época do politicamente correto Chico Anysio , ele foi o rei do incorreto, quando debochou, dos gordos, dos feios, dos burros , dos religiosos , dos homossexuais, dos  colegas de profissão , dos fãs , sem que parecesse pejorativo, embora muitas vezes suas falas e caricaturas fossem pouco sutis, mas com certeza inesquecíveis e insubstituíveis tipos como : Painho, Professor Raimundo, Bozó, Jovem, Alberto Roberto, etc...

Depois de perdas irreparáveis, se há alguém que determina a morte humana é fazer coro com o conhecido e gritar : “PAREM DE MORRER”.

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A falta de anjos

No dia do meu aniversário , fiquei sabendo que no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro , era feito uma homenagem ao centenário : do jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues ,  da melhor maneira possível encenando a sua mais emblemática peça teatral : Vestido de Noiva .

Sem dúvida, a melhor de todas as peças de Nelson, pois ela transcorre sobre um triângulo amoroso entre duas irmãs e em três planos interligados : alucinação , memória e realidade , no decorrer da peça que deu uma nova roupagem ao teatro brasileiro. Em 1943 , tratar de tema tão fortes, como amor e sexo e o antagonismo entre as duas irmãs e de quebra falar de psicanálise, isso tudo sob a direção do polonês Ziembinski.

Embora tenha lido e relido a peça Vestido de Noiva , assisti a uma única montagem no começo dos anos 90 , com Malu Mader, Luciana Braga e Tuca Nadrada , numa época que nem mesmo morava na cidade e confesso estar bem curiosa e por que não dizer ansiosa, para assistir de novo o espetáculo , nessa  que ouvir dizer ser uma ousada montagem, mas como não seria em tratando-se de Nelson.

Voraz leitora de sua obra sejam as peças míticas, psicológicas , tragédias cariocas e também as crônicas de futebol desse gênio , me senti  mais do que honrada ao saber da coincidência da mais do que justa comemoração do centenário dele no dia em que completei quarenta anos de idade, pois quem me conhece sabe bem da minha obsessão por esse : Gênio ou  louco? Tarado ou santo? Reacionário ou revolucionário? como disse Ruy Castro  ao retratá-lo em sua biografia intitulada : O Anjo Pornográfico.

Aliás o título do livro é tirado também de uma própria frase do homenageado : “ Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino , hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é , realmente , a minha ótica de ficcionista. Sou ( e sempre fui) uma anjo pornográfico."

Uma pena é não mais existirem anjos como você Nelson Rodrigues. 

Nem tudo é mentira.

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