segunda-feira, julho 02, 2007

nada como um dia atrás do outro

Imagine aquele dia que você acorda , com barulho de vozes de várias crianças gritando, berrando, brigando , chorando. São tanto sons de crianças que você não consegue identificar o que é que seja que elas estão fazendo. Você levanta da cama. Fecha as janelas. liga o ar-condicionado na tentativa de abafar o som. Mas nada adianta o som das pequenas vozes unidas entrou dentro de você e transformaram-se num eco sem fim, que te acompanhou durante o resto dia e talvez pelo resto que falta do contrato de aluguel do apartamento , pois abriram uma creche do lado seu prédio. É aquela casa grande e bonita que você sempre passou olhando com admiração e planejou um dia ter uma igual. Virou uma creche grudada com a sua janela.
Em proveito ao eco das crianças , você levanta com aquela cara amassada e vai mais cedo ao trabalho, a fim de quem sabe agilizar as coisas pendentes, mas nem tudo sai como é planejado e o seu chefe avisa que precisa que você faça um relatório para entregar antes do final expediente. Então você desespera-se e faz tudo às pressas e quando você termina de fazer e vai imprimir a primeira cópia verifica que sua impressora acabou a tinta. então você procura o boy da firma , para que ele com urgência a mal fadada tinta para você. É quando é informada que o garoto saiu para pagamentos bancários sem previsão de voltar.
Sem saída você mesmo decide comprar o cartucho , que sempre falta no almoxarifado na hora que você mais precisa. Comprado o cartucho de tinta. Você verifica que ele veio com defeito e você quase não acredita que isto aconteceu. Então, levanta-se para ir trocar o mal fadado cartucho na mesma hora que a sirene de incêndio da empresa toca.
Toma um susto , pensando que é incêndio, quando é lembrado pelo amigo da mesa ao lado que hoje é o dia do treinamento em caso de incêndio marcado para os funcionários da firma. E você desce os dezenove andares a passos lentos. Impaciente, você ainda tenta furar fila na escada dos colegas de trabalho, mas é advertido pelos coordenadores do maldito treinamento, que além de tudo iniciam um discurso sobre a pressa e o desespero nessas horas de tragédia só atrapalham. Como também percebe os olhares recriminadores dos outros funcionários. Resignado, só cabe a você descer lentamente degrau por degrau e quando atinge por fim o solo , corre como um louco a loja de cartuchos, chegando lá esbaforido e a primeira pessoa que encontra no elevador é o sorridente boy . E logo de cara você pergunta a ele o que ele está fazendo lá? O rapaz assustado responde , diz que foi comprar cartuchos para o serviço, como esta categoria se refere ao trabalho. E você percebe a pergunta idiota que fez e pergunta dessa vez ao garoto se ele não devia estar no banco fazendo pagamentos. Ele ri e responde com uma naturalidade que arrumou uma " gata" no caixa , que consegue que ele faça todos os pagamentos sem que precise usar a fila. Empolgado resolve contar como conheceu a menina do caixa do banco, uma história sem graça que você não tá nenhum pouco a fim de ouvir , mais não tem jeito o garoto não para mais de falar e que não dá para interromper.
A conversa fiada do boy lhe distrai tanto, que na hora que está atravessando a rua para voltar ao trabalho e para não parecer indelicado resolve balança a cabeça e dá um sorriso como se tivesse gostando da conversa e atravessa a rua com o sinal fechado para os pedestres e é quase atropelado por um caminhão. Nesta hora, o boy nem tão distraído o segura pelo casaco e lhe puxa para a calçada novamente e só lhe resta agradecer a gentileza do menino , que não parou de repetir sem parar : " Caraca! Essa foi por pouco."
E já sentado na sua mesa você imprime o relatório e vai até a sala de seu chefe orgulhoso de entregar o trabalho a tempo e o mesmo lhe diz que enganou-se com as datas e que o relatório era para o dia seguinte. Você balança a cabeça assertivamente, pensando em pular no pescoço do desgraçado e apenas bate a porta e saí. Esperando a hora de bater o ponto e ir embora.
Quando está quase chegando em casa , seu celular toca. É um amigo te convidando para tomar um chope com a turma de sempre. Animado você topa. A noite percorre tranquila até que ela chega a menina que você tá apaixonado, obviamente acompanhada senta na mesa da frente e lhe acena de longe. Fazendo questão de dar beijos cinematográficos no camarada que lhe acompanha , para dizer para todos que está realmente namorando.
Não lhe resta tomar mais um chope e repetir para si mesmo : nada como um dia atrás do outro.

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