segunda-feira, julho 25, 2011

Procura-se Amy



Procura-se Amy


Na primeira vez que ouvi Amy Winehouse me arrepiei com sua voz, pensei que se tratava de alguma nova cantora negra americana - do talento de Nina Simone, Ella Fitzgerald e da minha sempre preferida Billie Holiday -, mas para minha surpresa maior descobri que se tratava de uma cantora branca, inglesa e de família judia.

Fiquei mais encantada quando descobri que a garota inglesa não só cantava maravilhosamente bem, mas também fazia as letras de suas canções onde expunha suas fragilidades quando chorava de amor no chão da cozinha ou confessava que pensava no ex saindo com outro ex e repetia que o amor é um jogo perdido (Love is a losing game). Adorava quando cantava e rebolava com seu topete e jeito de menina/mulher, meio frágil/forte que não, não e não ia para a reabilitação.

Triste ver que a cantora drogada e problemática fez o que todo mundo esperava, logo ela que nunca foi programada, atendeu ao seu fã público mórbido que perguntava-se a todo instante: quanto tempo mais ela ia durar? Pois é, respeitável público: vocês venceram as apostas e Amy dessa vez foi ao show e cantou até o final.

Lamento a sua morte e nunca ter ido no seu show, amava a cantora pelo que ela era, como falei acima, ao mesmo tempo forte e frágil, pelo seu humor, sua auto-ironia e principalmente pela sua entrega e pelo amor que ela impunha através de suas letras e de sua voz linda de chorar, que infelizmente não vai mais morrer cem vezes como em Black to Back



NEM TUDO É MENTIRA
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terça-feira, julho 12, 2011

Cantares

(imagem de Meinrad Craighead)

Faz pouco mais de um mês que li, após a indicação de um amigo, o que acho que é o melhor e mais antigo poema de amor e sensualidade e, pasmem!, está na Bíblia - no Antigo testamento, chamado “o Cântico dos cânticos”, também conhecido como o Cântico de Salomão ou Cantares de Salomão.
E cada vez que relia seus versos , questionei o que um texto tão sensual , quase erótico fazia dentro do dito livro Sagrado.  O que me fez pesquisar sobre o tema e descobrir que alguns religiosos (me parece os judeus) interpretam como o retrato de Deus, como esposo de seu povo. Outros cristãos interpretam como a figura do relacionamento entre Cristo e a Igreja. Confesso aqui, bom lugar para isso , que nada tenho de religiosa ,embora minha ascendência seja judaica, visto meu nome e sobrenome, pouco conheço dessa crença, como também, apesar de batizada na Igreja católica, nunca a freqüento. Assim, minha interpretação desse poema, malgrados a interpretações alegorizantes que foram dadas ao longo dos séculos, não passa do amor de uma mulher e de um homem, amor erótico e pleno – talvez um cântico nupcial, de festa de casamento. Como sendo não só o mais sensual livro da Bíblia e de uma das realizações de mais alta poesia de todos os tempos – e começa pelos célebres versos:
“Beija-me com beijos de tua boca / Teus amores são melhores do que o
vinho / o odor dos teus perfumes é suave/ e o seu nome é pra mim como perfume derramado”
Embora tenhamos lendárias histórias de amor (Abelardo e Eloísa, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Eros e Psique e também Adão e Eva), acredito assim, que o poema tornou-se o arquétipo do encontro amoroso, da unificação dos contrários e da integração e principalmente da beleza do amor humano:
“... Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte.” (Cântico 8:6)

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quinta-feira, julho 07, 2011

Buraco da alma

Desconstruir uma vida estável, onde se tem o respeito profissional, certa estabilidade financeira, o carinho dos amigos, o amor da família, ou seja, tudo certo. Mas então, o que falta? Que vazio é esse? Parece que o peito tem um buraco. Na verdade o buraco não é no peito, é sim na alma, como se estivéssemos atolados em um pântano morno. E a vida parece que está pedindo passagem ou pedindo par dar uma volta.
Pensei sobre esse tema quando assisti semana passada ao filme “Meia Noite em Paris”, do genial Woody Allen, quando o personagem principal, ainda sem conseguir racionalizar sua insatisfação, se transporta aos anos 20 em Paris, tempos áureos quando a intelectualidade do mundo parecia se reunir por lá e se depara com um passado que sempre quis viver - o que para ele com certeza melhor do que seu presente. Negando assim o seu presente e a sua realidade e assim envolve-se mais com o passado que gostaria de ter vivido, até que em determinado momento do filme, que é melhor não contar, pois, com certeza, tem muitos que vão ler essa crônica e ainda não viram o filme, talvez por falta de tempo ou por detestarem os filmes do polêmico diretor, naquele estilo ame ou odeie. 
Mas, voltando ao filme, o fato é que o protagonista recobra a sua “lucidez” e volta a sua vida presente, percebendo com isso, que pode sim tapar o buraco da alma, ainda que nada seja eterno, pois na história de cada um ele pode nunca ter fim, mas com certeza tréguas, desde que você rompa como o personagem do filme com sua vidinha confortável e acomodável e dê um role com ela.

Dica: não poderia ser diferente e sendo redundante o filme Meia Noite em Paris”, do genial Woody Allen. Para quem já viu, reveja qualquer um dos filmes desse genial cineasta, para quem não gosta ,ou melhor, odeia, aposto que não leu a crônica até o final.

Nem tudo é Mentira - nemtudoementira1@gmail.com