quarta-feira, outubro 31, 2012

Cidade de Lá




Acredito que nem o mais otimista e criador da “Cidade de Lá”, imaginaria que seu arquitetado local, considerada como uma das maiores obras urbanísticas já feitas e feita em tempo recorde viveria com falhas de som!Sim, a “Cidade de Lá” é como se fosse uma imensa concha acústica , só que ao invés de apresentar som stereo e digital  hoje  vive seus dias de vitrola antiga prestes a quebrar a qualquer momento!
Primeiro ela foi dominada por severos senhores que, por anos, seguraram a acústica do lugar , sem deixar que essa ampliasse pelo cerrado afora! Posteriormente, esse magnífico lugar acolheu por um golpe nada militar, mas de sorte:  o coronelismo e seu símbolo maior,  o bigode! O ritmo dos bigodudos se arrastou como forró , alegre e faceiro ,até os dias de hoje, não respeitando modismos.
 Digo isso por que , o bigode vivenciou um notório” Caça Marajá” que esteve por lá - por pouco tempo diga-se de passagem! Aliás foi o que ouvi das más línguas ou a língua de seu falecido irmão ,ex-mulher e outros que não curtiram o devido lugar. O tal “Caçador” teve carreira meteórica, subiu e desceu a maior rampa da cidade , pois quis impor um ritmo africano , com batuques , gritos e torturas de animais. Era tão  violento para o povo de “Lá” agüentar que o golpe final foi dado por traiçoeiro confisco na poupança de seus seguidores. Em resposta, degolaram o Caçador como um frango na casa de sua dinda!
Mas ele saiu de cabeça erguida e foi substituído por um outro também de topete , que voava  senão colocasse laquê nos cabelos! Este desconfiado topetudo ouviu conselhos da intelectualidade de respeito que por lá freqüentava e manteve-se firme na história de Lá! Iniciou grandes planos que deram certo e começou a encher de novo lugar , que viveu seus dias de ritmo “lounge”. Desconfiou que  poderia cansar o público  atraído pelos novos planos. Em seguida , balançou o topete igual ao desenho animado, mas como “Pica-Pau” sempre se dá bem no final, como ele, deu risadas quando entregou a faixa ao idealizador dos planos. Assim,  não abriu mão de seus sonhos e de seu gosto musical : preferiu desfilar em festas de modelos sem roupas intimas em outro lugar não na Cidade de Lá!
E depois de tantos anos a “inteligenzia”, que passou tanto tempo exilada, voltou para Lá. No começo tudo era festa, enfeitadas por tucanos que penduravam-se nos muros da cidade, e por hora tinham a melhor vista do lugar. Não sabiam que para manter-se em festas não se pode perder o equilíbrio  e que para o ritmo não car era preciso inovar. Apelidaram a festa de neoliberal e o intelectual achou que era néon e com isso acreditou que sabia dar festas. Não foi outro quem tirou o apoio dos “Fortes” da cidade e estes passaram a ter novos dirigentes, que não conseguiram modernizar os velhos Fortes, com a rapidez esperada. E quando, tudo estaria perdido os inteligentes donos da casa e quiseram educar seus filhos e parentes mais próximos, ajudando–os mensalmente e assim conseguiam  para ficar mais um tempinho por lá ! Melhor alvorada não há, mordomias a mil e diversas viagens, estas ultimas bastante cobiçadas pelos  bandeiras vermelhas e estreladas , que passaram a fazer festas fechadas, com nome na porta e tudo , diferente dos tucanos em suas posturas intocáveis , em muros não tão mais firmes.
 Os vermelhos liderados e animados por um sapo de carisma incontestável, embora de voz rouca e dicção falha , mas quem quer saber disso quando a música está boa e alta ? E se você finge ouvir o que outro fala, postura irritante para os mais desanimados ou aqueles que vão à festa do outro só observar ou só para falar mal, mesmo muitas vezes sendo penetra?
Sem contar com os próprios aliados ou organizadores da festa , que não gostavam de tumultos e sempre preferiram viver clandestinos ou na sombra de alguém mais simpático e conquistador, como o querido sapo. E sem saber como agradar a todos,  criaram uma mensal e gentil entrega de bolsas, que poderiam servir para tudo , inclusive para esconder o salgadinho da festa nela. A proliferação delas, as bolsas, foi tão grande que alcançou outras localidades além da cidade!
Ainda assim, precisaram de mais tempo no lugar e alguém realmente de pulso firme e sangue frio até para esconder a identidade da própria mulher que mantivesse a festa em ordem, sem precisar incomodar o dono dela!. O mestre de cerimônias dos estrelados copiou uma idéia que a principio surgiu com o antigo dono da festa e depois ampliou o que outro já tinha conseguido e novamente instalou no lugar um valor fixo, para todos aqueles que comparecessem no exato local e hora marcados para animar o lugar!
Alheio a tudo isso, não se sabe se cansado, o sapo de estrela maior com um brinquedo novo de alto luxo percorreu todo o planeta, ensejando além de Lá nova fórmula de manter sua festa de arromba! Enquanto ele comia do melhor, sua organização fazia das tripas coração para não deixar a gordura da pizza ensopar o guardanapo e o molho de tomate não respingar na barba do chefe!
Embora tentassem arranhar os discos do anfitrião, tentou-se apurar o culpado para a farra e encontraram uma soma de trinta e oito culpados! O número não chegou a incomodar o dono da casa e ele mandou que seus convidados se retirassem até que decidissem o que fazer sobre o assunto - o que não foi feito nem mesmo com sua saída da cidade! Cedendo lugar a eterna companheira de baladas e uma nova anfitriã, ele despediu-se com louvor e suas festas serão para todo o sempre inesquecíveis! A única coisa que parece que não teve por lá foram cachoeiras ou cascatas...
Hoje segue-se uma linha mais contida, sempre põem mais clássicos para tocar, fazem todos dançarem a um só ritmo, embora sem requebrado para amolar! Têm até conseguido fazer com que a festa na “Cidade de Lá” nunca acabe...


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terça-feira, outubro 23, 2012

Coisa de fé

Incrível saber que há 220 anos atrás se deu inicio ao que é considerado segundo Natal, para cidade de Belém, não aquela onde nasceu o menino Jesus, mas uma próxima a linha do Equador , o chamado Círio de Nazaré : uma procissão em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré , realizada todo segundo domingo de outubro.
            As festividades da cidade em torno de sua “mãe” , começam dias antes do acontecimento , onde o super aquecimento da cidade ultrapassa até mesmo as poucas  sombras  das mangueiras que a cercam e fazem túneis em suas ruas , aumentando ainda mais a elevada temperatura do lugar , que não conhece dias frios.
            Entre a multidão de fora do estado e interiorana que chega e aquece a cidade , a imagem da sua padroeira passeia por vários lugares sejam os presídios e uma procissão fluvial abençoando os rios que cercam a cidade até chegar ao porto , onde é escoltada até a sua “casa” pelas centenas de motoqueiros do lugar. 
            Descansada do passeio fluvial “Nazica”, reúne multidão quando resolve adormecer na casa do Bispo , não antes de ser homenageada pelos trabalhadores da zona portuária que comemoram seu passeio noturno com fogos de artifícios , como se fosse a virada do ano. Após breve pausa e agradecida pela homenagem , segue o cortejo em cima de seu trono , puxa da por uma corda de fiéis e agradecidos promesseiros.
            Recebida em grande estilo , pelo dono da casa em sua antiga catedral, “ Nazaré” prepara-se para poucas horas de sono, visto que no dia seguinte sua última saída matinal pelas ruas do lugar tem ser majestosa , como é digna da Rainha dos paraenses.
E assim revestida de um manto feito exclusivamente para o dia, bordado a mão e com detalhes em ouro e pedras preciosas, Vossa Santidade é colocada no seu altar para que retorne ao seu lar, onde não menos enfeitado está adornado em flores sua “carruagem”. Ela desfila pelo seu reino soberana e única, num trajeto de quase 4 quilômetros , até chegar em sua casa.
Sua simpatia e simplicidade de alguém que reina há mais de dois séculos é incontestável, não há regime ditatorial mais democrático do que a passagem de paz e amor que consegue tão carismática senhora que consegue reunir em um único dia 2 milhões de pessoas para lhe verem passar , sem distinção de raça, classe e também religião coisa de fé.

Nem tudo é mentira.